quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu gosto é do abraço sincero. Quando todos os músculos do outro corpo se empenham em dizer “obrigado”. Há poucos que conseguem abraçar dessa maneira – a maioria tem medo de se expor, de desabrigar o próprio espírito para acolher outro.
Eu gosto de abraços sinceros. Assim, no plural. Um longo abraço pode dizer tantas coisas que vale por uma dezena de abraços. Já percebi que apesar de usarmos os braços é o peito aberto e quente que transmite e absorve os sentimentos.
Eu gosto, particularmente, dos abraços que dizem “saudade de você”, que dizem “queria que você ficasse um pouco mais”, e as palmas das mãos se abrem, os dedos comprimem com força contra as costas, em uma tentativa desesperada de dizer palavras que ainda não foram escritas. Falta semântica que explique o que um abraço sincero pode fazer ao final de um dia estafante. Porém, como as mais variadas expressões humanas, como o amor, o sexo e a arte, é preciso dois. O abraço só deixa de ser mera formalidade cotidiana quando ambos se permitem dizer o que sentem por dentro, o que mais ninguém tem conhecimento.
Quando o meu abraço é de fato sincero, eu fecho os olhos. É involuntário. Acredito que neste momento as almas, se ambas estão receptivas, se conectam de uma forma que a ciência não pode explicar. É mais profundo do que seguir o sistema endócrino do corpo humano. É tão íntimo quanto o beijo, e é por isso que beijamos de olhos fechados: para saborear da melhor maneira possível a entrega e a conquista, sem interrupções externas.

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