terça-feira, 22 de maio de 2012
Eu queria te contar que agora não dói mais. Só que agora não
importa tanto o que você vai pensar sobre isso. Queria que você soubesse
que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei. Ok, chorei. Mas pelo filme, e não por você.
Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que
as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que
você fez. Os nossos lugares não são mais nossos. Eu já voltei lá com
outras pessoas, e escrevi lá outras histórias… Eu estou aprendendo a
tocar violão. E a primeira música que toquei foi aquela música que era uma espécie de hino pra nós dois. Ela é tão linda… E sim, ela continua sendo muito nossa e lembrando demais você. Mas ainda sim, não dói. Você não pergunta essas coisas, mas sei que gostaria de saber. Porque te conheço.
E isso não mudou. Do mesmo jeito que adivinhei as coisas ruins que você
aprontaria, eu sei as coisas boas que ficaram aí em você e te fazem
lembrar de mim. Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma
saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso
escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o
coração vive tentando deixar pra trás.
– Caio Fernando Abreu
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Will we start to reconsider
What now belongs to yesterday?
This whole life is moving fast for me,
Is it for you the same?
And do you dream?
And when you do, do you wake up saying my name?
Será que vamos começar a reconsiderar
O que agora pertence a ontem?
Essa vida toda está se movendo rápido para mim,
É para você mesmo?
E você sonha?
E quando você sonha, você acorda dizendo meu nome?
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Eu
gosto é do abraço sincero. Quando todos os músculos do outro corpo se
empenham em dizer “obrigado”. Há poucos que conseguem abraçar dessa
maneira – a maioria tem medo de se expor, de desabrigar o próprio
espírito para acolher outro.
Eu
gosto de abraços sinceros. Assim, no plural. Um longo abraço pode dizer
tantas coisas que vale por uma dezena de abraços. Já percebi que apesar
de usarmos os braços é o peito aberto e quente que transmite e absorve
os sentimentos.
Eu
gosto, particularmente, dos abraços que dizem “saudade de você”, que
dizem “queria que você ficasse um pouco mais”, e as palmas das mãos se
abrem, os dedos comprimem com força contra as costas, em uma tentativa
desesperada de dizer palavras que ainda não foram escritas. Falta
semântica que explique o que um abraço sincero pode fazer ao final de um
dia estafante. Porém, como as mais variadas expressões humanas, como o
amor, o sexo e a arte, é preciso dois. O abraço só deixa de ser mera
formalidade cotidiana quando ambos se permitem dizer o que sentem por
dentro, o que mais ninguém tem conhecimento.
Quando
o meu abraço é de fato sincero, eu fecho os olhos. É involuntário.
Acredito que neste momento as almas, se ambas estão receptivas, se
conectam de uma forma que a ciência não pode explicar. É mais profundo
do que seguir o sistema endócrino do corpo humano. É tão íntimo quanto o
beijo, e é por isso que beijamos de olhos fechados: para saborear da
melhor maneira possível a entrega e a conquista, sem interrupções
externas.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
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